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Mostrando postagens de agosto, 2015

Red Red Lager

Essa cerveja é minha resposta à pergunta: É possível fazer uma cerveja vermelho-sangue só usando insumos naturais? Nesse caso eu confesso, não estou tão preocupado com sabor, aroma nem drinkability. Eu quero é fazer uma cerveja muito vermelha! Com isso em mente eu pesquisei e listei os ingredientes para alcançar meu intento: Malte Vienna - Para uma coloração cobre Milho Maíz Morado - esse milho adiciona uma coloração roxa incrível Sementes de urucum - usado pelos índios brasileiros para tinturas vermelhas Beterraba - seu inconfundível vermelho é usado por cervejeiros caseiros com excelentes resultados Já é a segunda vez que eu tento fazer essa cerveja. A primeira vez eu tive um problema com o fermento utilizado, que eu acredito que estava vencido, pois apesar de ter usado nas temperaturas corretas, o lag time levou uns três dias. E aí, quando acabou a fermentação e eu fui experimentar estava com muitos off-flavours de contaminação. Mas a coloração estava ótima! M

História da Cerveja no Brasil - Parte II

Primeira Metade do Século XIX A minha ideia original era fazer apenas um artigo sobre a história da cerveja no século XIX. Mas surgiu tanta informação que me pareceu coerente dividir em duas partes. Além disso, em termos econômicos as duas metades do século XIX, para o Brasil, foram bem distintas, e isso obviamente impactou a incipiente indústria da cerveja brasileira. Na primeira metade do século XIX o Brasil estava muito voltado para a economia de exportação de insumos agrícolas, principalmente café e açúcar, e não tinha ainda se preocupado em desenvolver a incipiente industria nacional. Com isso, os primeiros pioneiros nacionais em fabricação de cerveja passaram muita dificuldade ao competir com o produto externo. Além disso, o principal parceiro comercial do período - a Inglaterra - não tinha nenhum interesse no desenvolvimento de uma indústria nacional. E assim, tanto a a importação de insumos, quanto a de maquinário era muito dificultada. No início do império não exi

A Cultura do Growler

Fugindo um pouco do assunto cervejas extremas, vou tratar de um assunto que tem ganhado força em terras brazucas, a cultura do Growler. Eu ouvi falar a primeira vez de growler no bar da Brewdog quando morava em São Paulo em 2014 e hoje, pouco mais de dois anos após isso, eu tenho nada menos que seis growlers de dois litros, um de três litros e alguns de um litro. E tenho percebido que a quantidade de opções e lugares onde se pode enchê-los tem crescido exponencialmente... Já li uma crítica à cultura do growler dizendo que é um processo que prejudica as cervejas, não sendo corretamente sanitizado e que permite entrada de oxigênio no processo de envase, a crítica fazia uma analogia a ir em um restaurante de luxo e pedir uma quentinha para viagem e depois a esquentar no microondas ao chegar em casa horas depois. Convenhamos... me pareceu uma crítica um tanto exagerada e injusta. Claro que pode ocorrer a entrada de oxigênio de forma a prejudicar a cerveja, mas não de forma tão exagera

História da Cerveja no Brasil - Parte I

Cauim, a primeira cerveja brasileira "Um povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la."  Embora seja um conhecido chavão, esta frase tem um grande fundo de verdade, e eu acho que o mesmo raciocínio se aplica em nossa cultura cervejeira. Para evoluirmos com nossa cultura cervejeira nacional, sem repetirmos os erros, devemos conhecer a história da cerveja no Brasil. Isso é importante para sabermos como chegamos à atual condição e conseguirmos entendê-la em perspectiva. Com isso podemos determinar onde queremos chegar e como fazê-lo. Em termos práticos, é a ideia de se inovar refazendo o passado. Como o que fazem os americanos e europeus que recriaram estilos que  haviam sido perdidos ( ver estilos históricos ) e o pessoal da Dogfish Head que criou receitas a partir de pesquisas arqueológicas ( ver cervejas antigas ). Sempre fui um grande fã de história e agora me presto ao trabalho de fazer um breve apanhado desta  história específica. A primeira

Saison du Nord Est

Brasão do RN Farmhouse Ale do Nordeste com Cajuína, Rapadura e Cajá A ideia desta cerveja me ocorreu quando, em junho desse ano, tive que fazer uma viagem de trabalho a Natal. Viagem de trabalho pra uma cidade praieira do nordeste é algo muito sofrido, ainda mais quando estamos curtindo nosso inverno curitibano. Pode-se ver abaixo que a vista da sala de coffebreak do hotel onde ocorreram as reuniões não era das mais agradáveis. Vista da sala de coffebreak com o Morro do Careca ao fundo Infelizmente eu tive pouco tempo para curtir a cultura local, a culinária nordestina - que a meu ver é a mais rica e mais autêntica culinária regional do Brasil - e desbravar ingredientes típicos. Mas consegui comprar três garrafas de cajuína que há muito tempo tinha ouvido falar e não tinha tido o prazer de conhecer. E consegui também me esbaldar com um belo prato de carne de sol com manteiga de garrafa, queijo coalho, baião de dois e farofa.  Cajuína A Cajuína é uma beb

Cervejas Antigas da Dogfish - "Ancient Ales"

"Em 1957, arqueólogos escavando na região da antiga Frígia (atual Macedônia) encontraram uma tumba real intacta com os restos de um grande banquete. Os pesquisadores concluíram que o ocupante da tumba era ninguém menos que o rei que inspirou a lenda do Rei Midas. Os restos de bebidas e comidas do banquete só foram estudadas a fundo em 1997 na Universidade da Pensilvânia onde análises cromatográficas evidenciaram marcas químicas de mel, uvas e malte." Artigo "The Beer Archeologist" no site do Instituto Smithsonian As “Ancient Ales” da Dogfish Head são uma série de cervejas cujas receitas foram desenvolvidas a partir da análise química de resíduos encontrados em cerâmicas em sítios arqueológicos. Um assunto fascinante para quem se interessa por cervejas, história das bebidas, cervejas extremas e que se pergunta o que nossos antepassados bebiam. Eu, particularmente, me interesso muito e das sete cervejas da série, tive a oportunidade de experimentar

Gruit - Receita do Radical Brewing

Ingredientes para a Gruit Beer Depois de algumas semanas fermentando e maturando ficaram prontas as duas gruits que eu comentei que havia feito neste  artigo . Postei recentemente o resultado da gruit do século XIV e aqui posto a segunda experiência. A segunda gruit que eu fiz foi uma receita que consta no livro do Randy Mosher , sendo uma receita desenvolvida para agradar o paladar moderno, e que leva: bagas de zimbros, mírica, mil-folhas, wild-rosemary, artemísia, cominho, sementes de uvas, cardamomo, cravo em pó, alecrim e folhas de louro. Para adicionar um toque pessoal e um pouco de brasilidade adicionei algumas folhas de guaco à receita. Lista de especiarias para uma leva de 6 litros Pouca informação se tem atualmente sobre as gruits do passado, mas como todas as cervejas da Idade Média, acredita-se que eram em geral fortes, escuras, defumadas e um pouco sour devido o longo contato com a madeira de carvalho em barris e tinas. Mas esta receita foi modern