Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2015

Vinho de Arroz Negro Chinês

Mulher no Laos fazendo vinho de arroz - wikipedia Fazer vinho de arroz é algo muito presente nas culturas orientais e praticamente desconhecido na nossa. Existem diversos estilos dependendo da região da Ásia. Apesar do nome, uma vez que utilizam cereais podem ser considerados mais próximos da cerveja que do vinho. Eu expliquei aqui como eu fiz o vinho de arroz chinês usando arroz de jasmim. Neste tópico vou mostrar o resultado obtido usando quase a mesma técnica com arroz negro chinês. Foi quase a mesma técnica pois dessa vez eu resolvi usar um pouco de lúpulo para que o amargor consiga equilibrar com a acidez que imagino que resulte e com isso conseguir um resultado mais próximo do paladar ocidental. O arroz negro chinês, também chamado de "arroz proibido" é uma iguaria chinesa que era reservada aos imperadores. De cor negra e sabor que remete a castanhas, é um cereal nutritivo voltado ao mercado gourmet. Ele possui mais proteína e menos gordura que o arroz in

Gruit do Século XIV

Depois de algumas semanas fermentando e maturando, finalmente ficaram prontas as duas gruits que eu comentei que havia feito neste artigo . Como eu prometi no próprio artigo, posto aqui o resultado de uma delas. É uma  gruit do século XIV  cuja receita foi resgatada pelo pessoal do Durden Park Beer Club , disponibilizada na internet pelo pessoal do movimento Gruit Ale Revival, e que leva as três ervas do gruit em uma quantidade pequena, apenas 2g de cada para uma receita de 5 litros, bem como malte Cara-Pils e Pale Ale. Abaixo eu posto a tela do BeerSmith com a receita e links para descrição das três ervas que compõem a chamada “santíssima trindade do gruit”: Mírica (Myrica Gale) Mil-folhas ou Aquiléia (Achillea Millefolium) Wild Rosemary (Rhododendron Tomentosum ou Ledum Palustre E o resultado desta experiência ficou assim: Essa cerveja apresentou um aroma suave, aromático e cítrico que me lembrou um pouco uma witbier, puxando um pouco mais para o coe

Extreme Brewing

Off-centered ales for off-centered people O mote da cervejaria Dogfish, copiado acima, e que significa algo como "Cervejas excêntricas para pessoas excêntricas", representa muito do espírito deste livro do fundador da cervejaria que indubitavelmente ditou uma nova tendência no universo cervejeiro. Na introdução, Sam Calagione define que fazer cervejas extremas significa utilizar seu próprio cérebro, e não as ideias conceituadas de outras pessoas, para fazer cervejas extremamente saborosas. Ele compara esta filosofia com as ideias do chef Ferran Adrià , o fundador do movimento da cozinha molecular, que questiona o motivo pelo qual "de manhã tomamos café e então comemos o ovo, enquanto no almoço comemos o ovo e depois tomamos café".  O livro tem muitas dicas e orientações para quem deseja fazer cervejas extremas. Descrição de acúcares, como adicionar frutas, ervas e temperos, como fazer o envelhecimento em barris, etc. Mas a abordagem não é tão detalhada

Metheglin com Erva Mate

Metheglin é o nome do hidromel temperado com especiarias. Neste hidromel eu resolvi misturar com uma especiaria típica do sul do Brasil, a erva mate. Utilizei duas formas da erva-mate, a erva tostada - que é utilizada para fazer chá-mate -, e a erva-mate tradicional de chimarrão. Eu escrevi um pouco mais sobre erva-mate neste post . Segue abaixo uma listagem dos ingredientes deste metheglin: 50 g de mate tostado 2kg de mel 3g Actibiol 2g Yeastex 1 pacote D 47 Lalvin 1/2 pacote Red Star Pasteur Champagne Preparei um chá com os 50 g de mate tostado, que depois adicionei mais água e o mel e mantive por uns 30 minutos a 70oC. Deixei fermentar por dois meses e meio e a FG chegou a menos de 0.990. Com isso, o hidromel ficou com algo em torno de 18 % ABV! Aí eu separei em dois lotes, em um deles eu coloquei 30g de erva mate em dry hopping. E clarifiquei por uma semana próximo de 1oC. Onde está escrito"shopping", leia-se hopping :-) O Resultado Final

Cervejas Históricas

O novo guia BJCP, abordado  aqui , criou uma categoria interessante, a 27 - Historical Beer, que aborda estilos que já foram populares no passado e que praticamente desapareceram, e em alguns casos desapareceram de fato, sendo que atualmente surgiram recriações.  O guia apresenta alguns estilos já definidos nesta categoria, mas deixa um espaço aberto para um competidor apresentar sua cerveja em outra categoria, desde que apresente uma descrição do estilo com detalhes suficientes para que os juízes possam entendê-lo. A categoria pode ser utilizada dessa forma para cervejas tradicionais ou indígenas de importância cultural em certos países - o que talvez abra espaço para que algum competidor apresente sua cerveja como estilo Cauim. O guia apresenta nove estilos pré-definidos, que são comentados a seguir. Gose Uma cervejas frutada, de trigo, altamente carbonatada, ácida, com aroma de coentro, pouco amargor e um pouco salgada. Muito refrescante e menos ácida que uma Berliner

Lager Escura com Pinhão e Erva Mate

O Brasão do Estado de 1910 Fazia um tempo que eu queria fazer uma cerveja usando pinhão e erva mate, duas especiarias típicas do Paraná, que inclusive fazem parte da bandeira e do brasão do estado. Ao lado o brasão de 1910, de autoria do pintor Alfred Andersen, o "pai da pintura paranaense", que era muito mais belo que o atual, diga-se de passagem. Foram muito relevantes para o estado os ciclos econômicos do pinho (por conta da madeira da araucária) e da erva mate em fins do século XIX e início do século XX.  Eu não sou paranaense de nascimento, nasci no Rio de Janeiro, mas esta terra do Paraná me acolhe atualmente e vivi quase metade da minha vida aqui, sendo que me identifico mais com a cultura paranaense do que com a carioca. Bandeira do Paraná ao centro, ramo de erva-mate à esquerda e de araucária à direita  Pinhão A Araucária é uma árvore típica do sul do Brasil e pode ser encontrada também nas regiões serranas do sudeste do Brasil, na Argentin

Radical Brewing

Conforme prometido no artigo Livros que não podem faltar em sua biblioteca , vou abordar nesse artigo um livro que eu considero fantástico. O Radical Brewing do Randy Mosher é com certeza um livro que você deve ter em sua casa, principalmente se você pensa em fazer umas cervejas diferentes. Mas mesmo que não pense, é um livro fundamental para ampliar os horizontes cervejeiros. Ele pode ser encontrado na Amazon, tanto o físico quanto o formato kindle. O livro apresenta mais de 100 receitas completas e muita informação útil tanto para os novatos quanto para os mais experientes. Nos seis primeiros capítulos são dedicados mais a uma exposição das técnicas, o que é interessante para o cervejeiro novato, mas um pouco dispensável para o mais experiente. Na sequência ele aborda alguns estilos clásicos e apresenta várias receitas interessantes. E nos últimos nove capítulos ele apresenta o que eu considero o núcleo-duro da obra. Ele trata de adjuntos, cereais, ervas, frutas, h

Festival de Inverno Bodebrown 2015

A Bodebrown realizou ontem (4 de julho) seu festival de inverno com cervejas artesanais, food trucks, encontro de mavericks, bulldogs e música Celta ao vivo. Tudo isto feito na rua em frente à cervejaria aqui em Curitiba. A festa foi excelente, com 13 tipos de cervejas, o usual growler day com a cerveja Saint Arnold 6 e a venda de insumos cervejeiros na loja da cervejaria. Saí de lá feliz da vida, tendo bebido alguns bons chopps, com dois growlers cheios e com dois sacos cheios de insumos para me divertir durante a semana, porém com o estômago vazio. Minha felicidade só não foi completa por isso; devido ao grande número de pessoas os food trucks não estavam dando conta do recado e, após uma espera de mais de 40 minutos, desistimos da pizza que estávamos esperando e fomos embora. Pode-se perceber que a organização subestimou bastante a quantidade de pessoas e por isso havia filas muito grandes para todos os lados. Realmente a Bodebrown representa muito bem, até com m

Extreme Beer Fest

Extreme Beer Fest é o nome de um evento organizado todo ano pelo site americano BeerAdvocate e que homenageia a criatividade cervejeira. Patrocinado pela Dogfish, o evento ocorre todo ano em Boston. Ano passado foi a 12ª  edição e teve duração de dois dias. É interessante ver como este é um evento que dita novas tendências no universo cervejeiro. O que era considerado cerveja extrema alguns anos atrás, hoje não pode mais ser considerado. Por exemplo, nesta entrevista do Sam Calagione, em 2006 ele incluía na definição de cervejas extremas as double IPA's e as barleywines, estilos que, sem alguma peculiaridade, não entrariam de forma alguma na edição de 2015 da Extreme Beer Festival. Para o evento de 2016, que ocorrerá em fevereiro, espera-se mais de 250 cervejas de mais de 70 cervejarias. Veja o site:  http://www.beeradvocate.com/ebf/ Veja algumas das cervejas servidas no evento de 2015: Short's Pistachio Cream Ale Uma Cream Ale com pistache! A cerveja