Pular para o conteúdo principal

Vinho de Arroz Chinês - II

Continuando a saga do vinho de arroz chinês, eu vou contar como eu fiz minha leva. E vou explicar da melhor forma possível; com um passo-a-passo em quadrinhos.

Como explicado em um tópico anterior, vinho de arroz chinês nada mais é que um fermentado de arroz que utiliza uma levedura especial chamada Jiuqu (ou Dry Yeast Balls) a qual é uma cultura de fungos, leveduras, bactérias e seus metabólicos associados. Esse é um campo promissor em termos de cervejas extremas e a Dogfish já fez suas experiências nesta área com seu excelente Chateau Jiahu, bem como a curitibana Way com sua Sake Ipa - que apesar de morar em Curitiba, eu nunca consegui encontrar. :-(



Então, deu pra entender? É muito fácil, é até divertido. E o resultado é um alcóolico de teor elevado (11-14%) e um tanto sour. A dificuldade só reside mesmo em conseguir o fermento chinês e esperar as três ou quatro semanas de fermentação.

Eu resolvi colocar um pouco de suco de romã para deixar um pouco mais adocicado, mas não foi muito boa ideia. O resultado foi uma bebida que lembrava muito, visualmente falando, quick morango. 

Mas no final, como podem ver, deu até para brindar com uma taça de chardonnay.



E ao final de tudo, como vocês se lembram, o resultado da filtragem do vinho foi um mosto adocicado, razoavelmente comível.

Depois dessa experiência eu tentei fazer uma leva com arroz cateto integral e digo que, apesar da fermentação ter ocorrido tudo certo, o resultado final ficou extremamente desagradável. O aroma me lembrou geleca.

A garrafa deve ser guardada na geladeira, a não ser que você pasteurize o líquido, porque o Aspergillus Oryzae (o fungo do Dry Yeast Ball) continua trabalhando firme e forte. E com o tempo a bebida acaba virando vinagre de arroz. Fica um vinagre muito gostoso, por sinal.

Na próxima experiência com o Jiuqu eu pretendo usar o arroz negro chinês - o "arroz proibido" - e colocar um pouco de lúpulo para que seus taninos e amargor possam balancear o ácido natural do vinho.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Temperando a Cerveja: Técnicas para Trabalhar com Especiarias

Como Utilizar Ervas e Especiarias Todo cervejeiro caseiro sabe que o lúpulo é a santa erva da cerveja. Mas os que acompanham este blog sabem que muitas outras ervas eram utilizadas no passado antes do lúpulo se destacar, conforme pode-se ver  aqui ,  aqui  e  aqui. Lendo estes posts sobre o Gruit pode-se concluir que fazer cervejas com especiarias e ervas não é nada novo e revolucionário, bem pelo contrário, é a raiz da cervejaria; é a velha escola. Assim, um bom cervejeiro não deve ter medo de utilizar especiarias nas suas cervejas, mas deve ter consciência que a diferença entre algo saboroso e algo intragável pode ser uma pitada a mais de alguma especiaria forte. Creia-me que isso pode acontecer, falo por experiência própria... já arruinei uma cerveja ao colocar apenas uma pitada de cominho.  É muito importante, até se adquirir uma certa experiência, seguir as medidas de uma receita ou seguir parâmetros de referência que alguém já tenha definido. Na dúvida, coloque meno

Festival de Inverno Bodebrown 2015

A Bodebrown realizou ontem (4 de julho) seu festival de inverno com cervejas artesanais, food trucks, encontro de mavericks, bulldogs e música Celta ao vivo. Tudo isto feito na rua em frente à cervejaria aqui em Curitiba. A festa foi excelente, com 13 tipos de cervejas, o usual growler day com a cerveja Saint Arnold 6 e a venda de insumos cervejeiros na loja da cervejaria. Saí de lá feliz da vida, tendo bebido alguns bons chopps, com dois growlers cheios e com dois sacos cheios de insumos para me divertir durante a semana, porém com o estômago vazio. Minha felicidade só não foi completa por isso; devido ao grande número de pessoas os food trucks não estavam dando conta do recado e, após uma espera de mais de 40 minutos, desistimos da pizza que estávamos esperando e fomos embora. Pode-se perceber que a organização subestimou bastante a quantidade de pessoas e por isso havia filas muito grandes para todos os lados. Realmente a Bodebrown representa muito bem, até com m

Cauim - Fermentado com Jiuqu

Dando continuidade ao assunto Cauim; o qual considero um assunto muito importante para nós brasileiros dado que é um fermentado típico da nossa terra, feito pelos indígenas por séculos, talvez milênios. Acho muito importante que nossas experiências gastronômicas reflitam quem nós somos, nossas raízes, nossos valores e nossa terra, e o Cauim representa muito bem isso. O Cauim, como já dito, era um nome genérico para diversos fermentados nativos, sendo que a matéria prima mais utilizada era a mandioca, a qual sempre foi um alimento muito importante na América do Sul. As lendas nativas de origem da mandioca são todas muito similares entre si e transcrevo abaixo uma versão simplificada da lenda. "Em um passado distante, a filha de um grande chefe recebeu o espírito da Grande Mãe Terra em um sonho. Ela disse para menina que ela estava grávida de uma criança que traria para todos a benção sagrada do Criador. Então a menina ficou grávida e teve uma bela criança que chamaram de Man